Não bebo em copo pequeno
Em sua boca há tanto veneno
Quanto o catecismo dos loucos
Assim pode ter-me aos poucos
E deixar-me tão embriagada

Por uma solidão já viciada
Em uma cegueira que mente
Faz-me tanto inconseqüente
Nem sei se quero comungar
Do seu corpo, do seu andar

Nele há mais do que um vício
Tem um quê de precipício
No meio desse meu caminho
Quando cruza o seu sozinho
Meu coração já não o vê só

Mas não quer mais tirar o pó
Do seu sapato de viajante
Ele atrai a emoção distante
De quem fica mas quer partir
Para ter-se livre e resistir

Embora eu ande só por aí
A digerir lugares que não vi
As verdades voam com o vento
E na volta de um tormento
Chegam após outra madrugada

Vêm para deixar atordoada
Essa dor que não sabe amar
Numa esquina suja, sem luar
De um sentir carnal somente
Minha alma quer ir à frente

Quer saber onde irá pousar
Mas o corpo não sabe pensar
Quer beijar em seu abraço
Provar a dor de cada passo
Beber do seu veneno e voar

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