Os mortos-vivos

Zeca Baleiro já musicou: "os mortos sabem mais que os vivos, sabem do gosto que a morte tem. Pra rir tem todos os motivos, os seus segredos vão contar a quem?"
O dia que os vivos dedicam aos mortos soa um tanto paradoxal neste mundo, digamos assim, um tanto zumbi.
Não se trata de celebrar a morte, muito menos de homenagear quem transcendeu dessa vida - ação que, embora repleta de significados e possíveis significações, está muito além do nosso entendimento secularizado.
Os zumbis zombam da vida, da mesma forma como a vida gostaria de zombar da morte. E como zombar de quem lhe arrebata sem deixar explicações?
Como já disse um mestre anônimo: - há mais mortos-vivos por aí que no cemitério. Passamos a crer que nossos mortos estejam mais vivos que nós, o que implicaria, de forma lógica, a aceitar novas condições para a vida enquanto plenitude.
Os mortos devem estar mesmo zombando de nós.


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